Osman Lins (05.07.1924 – 08.07.1978), pernambucano de nascimento, mudou-se para a cidade de São Paulo nos anos 1960, depois de ter vivido alguns anos na Europa com bolsa de estudos da Aliança Francesa. É autor de importante obra literária, constituída de contos, romances, narrativas, ensaios, livro de viagens e peças de teatro, entre os quais: O fiel e a pedra (1961), Lisbela e o prisioneiro (1964) – texto para teatro adaptado para televisão e para o cinema, Nove, Novena (1966), Guerra sem testemunhas – o escritor, sua condição e a realidade social (1969), Avalovara (1973), A rainha dos cárceres da Grécia (1976), Do ideal e da glória. Problemas inculturais brasileiros (1977), O diabo na noite de Natal (1977). Colaborou com diversos órgãos de imprensa e escreveu roteiros para teatro e televisão. Por sua vasta obra reconhecida pela crítica, recebeu diversos prêmios, entre eles o Prêmio Monteiro Lobato e o Prêmio Coelho Neto, da Academia Brasileira de Letras.
Em 1970, Osman Lins iniciou atividade como professor universitário, tendo ocupado a cátedra de Literatura Brasileira na Faculdade de Filosofia de Marília (encampada pela Unesp - Universidade Estadual Paulista, criada em 1976). Em 1973, enquanto era professor nessa faculdade, Osman Lins escreveu e defendeu sua tese de doutoramento em Letras, Lima Barreto e o espaço romanesco, orientada por Alfredo Bosi e de cuja banca examinadora participaram Antonio Candido, João Alexandre Barbosa e Nelly Novaes Coelho. Naquele ano, também finalizou e publicou o romance Avalovara, com engenhosa construção de estrutura e enredo baseada no “Quadrado Sator”, que é considerado uma de suas principais obras, traduzida para diversos idiomas. Depois de três anos como professor universitário, a que se dedicou com afinco, desligou-se da faculdade, por se sentir desencantado com os problemas do ensino no Brasil.
A faculdade onde Osman Lins lecionou, instalada no prédio da antiga Fiação Maria Isabel, na Avenida Vicente Ferreira, na cidade de Marília/SP, foi transferida para prédio novo construído nos anos 1970, no campus universitário. Nesse prédio, passei a trabalhar nos anos 1990, quando ingressei como docente e pesquisadora na Unesp – campus de Marília. Talvez Osman Lins não tenha chegado a trabalhar exatamente naquele então novo espaço físico. Mas eu o sinto presente nas salas e corredores em que hoje transito. Está na memória de minha formação literária e profissional assim como na de muitas gerações de professores, pesquisadores e escritores. E eternamente presente nas estantes de minha biblioteca, como legado da tradição que herdei. Apesar dos persistentes problemas "inculturais" do ofício de professora e de escritora, continuam me iluminando suas palavras, no ensaio Guerra sem testemunhas: "Escrever, para mim, é um meio, o único de que disponho, de abrir uma clareira nas trevas que me cercam. (...) portanto, escrever se me apresenta como a experiência máxima, a experiência das experiências. Minha salvação, meu esquadro, meu equilíbrio."
Maria Mortatti