Poeta raiz – vez por outra – comete lá as suas heresias! No ano de 1600, o poeta, matemático, teórico de cosmologia, ocultista e frade dominicano italiano Giordano Bruno (nascido Filippo Bruno, 1548 – 1600), foi condenado à morte e queimado vivo pela fogueira da Inquisição do Santo Ofício. Acusação: heresias cosmológicas! O que Giordano propôs: “As estrelas são sóis distantes, cercados por seus próprios planetas!”. Não satisfeito, insistiu em afirmar: “O universo é infinito e não há um centro!”. Sempre que busco uma estrela no céu das heresias, lembro-me do dito do poeta Giordano Bruno: “A poesia não nasce das regras!”. Eu já cometi – confesso – uma estrela cadente, que dizia assim: “olha-se pouco para o céu!” Giordano repete – e não desiste – o mesmo mote: “A poesia não nasce das regras, a não ser em parte mínima e insignificante; mas as regras derivam das poesias; e, no entanto, são tantos os gêneros e as espécies de verdadeiras regras, quanto são os gêneros e as espécies de verdadeiros poetas”. Giordano Bruno negou repetidas vezes: a condenação eterna, a Trindade, a divindade de Cristo, a virgindade de Maria e a transubstanciação, mudança da substância do pão e do vinho na substância do corpo e sangue de Jesus Cristo, no ato da Consagração. Antes de partir, sussurrou para as estrelas: “Olha-se pouco para o céu.”
João Scortecci
João Scortecci