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VERNE, HETZEL E NADAR – PREDIÇÕES DO GÊNERO FICÇÃO CIENTÍFICA / JOÃO SCORTECCI

O escritor francês Júlio Verne (Jules Gabriel Verne, 1828 – 1905) é considerado por críticos literários o inventor do gênero ficção científica, tendo feito, em seus livros, predições – ato de afirmar com convicção aquilo que poderá acontecer num momento futuro – sobre o aparecimento de novos avanços científicos, como os submarinos, as máquinas voadoras e a viagem à Lua. Quando criança, li seus três principais livros: Viagem ao centro da Terra (1864), Vinte mil léguas submarinas (1870) e A volta ao mundo em oitenta dias (1873). A carreira literária de Júlio Verne começou a se destacar quando se associou a Pierre-Jules Hetzel (1814 – 1886), editor experiente, que publicava livros de grandes escritores da época, como Alfred de Bréhat, Victor Hugo, George Sand e Erckmann-Chatrian. Hetzel publicou a primeira grande novela de sucesso de Júlio Verne, o relato de viagem à África, em balão, intitulado Cinco semanas em um balão (1862). A história contém tantos detalhes, como os de coordenadas geográficas, que os leitores se perguntavam se era ficção ou relato verídico. Na verdade, Júlio Verne nunca havia estado em um balão ou viajado à África. Todas as informações vieram de sua imaginação e capacidade de pesquisa. Foi Hetzel quem apresentou Verne a Félix Nadar (Gaspard-Félix Tournachon, 1820 – 1910), fotógrafo, caricaturista, jornalista, pioneiro e entusiasta do voo humano (balonismo) e da fotografia aérea. Tornaram-se grandes amigos, e Nadar o introduziu em seu círculo de amigos cientistas, de cujas conversações o escritor provavelmente tirou algumas de suas ideias. O último livro de Verne, O senhor do mundo (1904), foi publicado um ano antes da sua morte, em 24 de março de 1905, aos 77 anos de idade. O “pai da ficção científica” escreveu mais de 100 livros, e sua obra é a mais traduzida em toda a história, com traduções em 148 línguas, segundo estatísticas da UNESCO. Verne, Hetzel e Nadar foram “cúmplices” de uma vida inteira. Foram visionários, quiméricos e balonistas: navegantes do fantástico voo humano ao futuro.

João Scortecci