Pesquisar

“PLUFT, O FANTASMINHA”, DE MARIA CLARA MACHADO / JOÃO SCORTECCI

Pluft, o fantasminha (1955) é a peça teatral infantil de maior sucesso da escritora e dramaturga mineira Maria Clara Machado (Maria Clara Jacob Machado, 1921 – 2001). Considerada a maior autora de teatro infantil do País, escreveu 30 peças para crianças e cinco para adultos. Em 1951, fundou, na cidade do Rio de Janeiro, uma das maiores escolas de teatro do Brasil, o Tablado. Na peça Pluft, o fantasminha, uma menina de nome Maribel é raptada pelo malvado pirata Perna-de-Pau. Escondida no sótão de uma velha casa, ela conhece uma família de fantasmas e faz amizade com Pluft, um fantasminha que tem medo de gente. A peça foi encenada pela primeira vez pelo teatro Tablado, em setembro de 1955, com direção da autora, e recebeu o prêmio da APCA  Associação Paulista de Críticos de Arte. Em 1961, foi adaptada para o cinema, por Romain Lesage, e, em 1975, para minissérie de TV, produzida pela Rede Globo em parceria com a TV Educativa. Posteriormente, foi publicado livro com a peça vertida para prosa. Maria Clara Machado era filha do escritor Aníbal Machado e de Aracy Varela Jacob, que morreu quando Maria Clara tinha nove anos de idade. Sua família mudou-se da capital mineira para a cidade do Rio de Janeiro e se radicou no bairro de Ipanema, onde Maria Clara morou desde os dois anos de idade até sua morte. Desde seus tempos de criança, a casa onde morou era um ponto de encontro de intelectuais, amigos de seu pai – nas palavras dela, "um romântico comunista". Entre os grandes nomes que frequentavam as reuniões estavam Maria Helena Vieira da Silva, Vinicius de Moraes, Carlos Drummond de Andrade, Di Cavalcanti, Oswaldo Goeldi, Guignard, Portinari, Otto Lara Resende, Rubem Braga, João Cabral de Melo Neto, Moacyr Scliar e Tônia Carrero. Também passaram por lá Albert Camus (escritor, filósofo, e jornalista franco-argelino) e Pablo Neruda (poeta-diplomata chileno e político, Prêmio Nobel de Literatura em 1971). Maria Clara Machado faleceu na cidade do Rio de Janeiro, no dia 30 de abril de 2001, aos 80 anos de idade. Dizem que o seu espírito hoje vive no Tablado do coração de Maribel, no sótão de uma velha casa, na companhia de Pluft, um fantasminha que tem medo de gente. É o que dizem. Eu não duvido de nada. 

João Scortecci