O poeta, romancista, dramaturgo e acadêmico Ariano Suassuna (Ariano Vilar Suassuna, 1927 – 2014), natural da cidade de Parahyba do Norte, hoje João Pessoa, capital do estado da Paraíba, nasceu nas dependências do Palácio da Redenção, sede do Executivo paraibano, época em que o seu pai, João Suassuna (João Urbano Pessoa de Vasconcelos Suassuna, 1886 – 1930), era governador daquele estado. Durante o movimento armado que culminou com a Revolução de 1930, liderado pelos estados de Minas Gerais, Paraíba e Rio Grande do Sul, quando Ariano Suassuna tinha três anos de idade, seu pai João Suassuna foi assassinado, por motivos políticos, na cidade do Rio de Janeiro, e a família, sem opção, teve que se mudar para a cidade de Taperoá, antiga Vila Batalhão, na região de Campina Grande, onde morou de 1933 a 1937. O assassinato de João Suassuna ocorreu como desdobramento da comoção posterior ao assassinato de João Pessoa (João Pessoa Cavalcanti de Albuquerque, 1878 – 1930), que foi governador da Paraíba e candidato a vice-presidente do Brasil, na chapa de Getúlio Vargas (Getúlio Dornelles Vargas, 1882 – 1954). Ariano Suassuna atribuía à “família Pessoa” a encomenda do assassinato de seu pai, por meio da contratação do pistoleiro Miguel Laves de Souza, que atirou na vítima, pelas costas. Por esse motivo, não concordava com a alteração do nome da cidade natal, em homenagem ao governador assassinado. Em 1942, Ariano Suassuna mudou-se para o Recife, capital pernambucana, onde concluiu os estudos secundários e o de Ciências Jurídicas e Sociais na Faculdade de Direito. Fez sua estreia literária em 1945, aos 18 anos de idade, com o poema "Noturno", publicado no Jornal do Commercio, de Recife. Dez anos depois, em 1955, publicou Auto da Compadecida, peça teatral em forma de auto, em três atos, drama ocorrido na região nordeste do Brasil, com elementos da tradição da literatura de cordel, do gênero comédia e traços do barroco católico brasileiro, sua obra mais conhecida, que o projetou para o cenário nacional. Em 1962, o crítico teatral, jornalista, professor, ensaísta e historiador Sábato Magaldi (Sábato Antonio Magaldi, 1927 – 2016), afirmou que a peça é "o texto mais popular do moderno teatro brasileiro". Suassuna foi um dos idealizadores do Movimento Armorial, iniciativa artística cujo objetivo era criar uma arte erudita a partir de elementos da cultura popular do Nordeste brasileiro. Nas palavras de seu idealizador, “A Arte Armorial Brasileira é aquela que tem como traço comum principal a ligação com o espírito mágico dos 'folhetos' do Romanceiro Popular do Nordeste (Literatura de Cordel), com a música de viola, rabeca ou pífano, que acompanha seus 'cantares', e com a xilogravura que ilustra suas capas, assim como com o espírito e a forma das Artes e espetáculos populares com esse mesmo romanceiro relacionados.” Ariano Suassuna foi Secretário de Cultura de Pernambuco (1994 – 1998) e Secretário de Assessoria do Governador Eduardo Campos. Publicou mais de 30 livros, entre peças de teatro, romances, poemas e obras acadêmicas. Em seu livro Iniciação à Estética (1975), assim definiu poesia: “(...) é uma linguagem com predominância da imagem e da metáfora sobre a precisão e a clareza.” Ariano Suassuna faleceu no dia 16 de junho de 2014, aos 87 anos de idade. Quando Suassuna poetava e sorria, eu me sentia mais nordestino que tudo. Escutá-lo era um presente: palavras voavam de sua boca e grudavam no céu, do coração.