A República de Florença – fundada em 59 a.C. pelo imperador romano Júlio César – foi um Estado medieval e moderno, centrado na cidade italiana de Florença, na Toscana. A República se originou em 1115, quando o povo florentino se rebelou contra o Margraviato – marca da Toscana – , após a morte da Grande Condessa (Matilde da Toscana, 1046 – 1115), Marquesa da Toscana e Vice-Rainha de Itália, nobre e militar italiana, que controlava Florença e região. Os florentinos formaram, então, uma comuna, governada por um conselho conhecido como "Signoria de Florença", com nove membros, chamados "Priori", escolhidos entre os membros mais conceituados das associações de comerciantes, trabalhadores e artesãos da cidade. Durante esse período, Florença foi uma importante força cultural (berço do Renascentismo), econômica, política e artística na Europa. Sua moeda, o florim, a partir de 1252 se converteu na moeda de ouro de referência na Europa e, nos séculos XIII e XIV, tornou-se um padrão monetário mundial. A história da República de Florença está cheia de lutas, intrigas, brigas de facções, traições e alianças. Em 1531, Alexandre de Médici, neto de Lourenço, o Magnífico, chegou a Florença. A constituição democrática do Estado florentino foi abolida, e, em 1532, Alexandre foi proclamado Duque de Florença, o que significou o fim da República e a sua transformação em monarquia hereditária sob o domínio da Casa dos Médici, rebatizada, em 1569, de "Grão-Ducado da Toscana". O filósofo, historiador, poeta e músico florentino Nicolau Maquiavel (1469 – 1527) é reconhecido como fundador do pensamento e da ciência política moderna, pelo fato de ter escrito sobre o Estado e o governo como realmente são, não como deveriam ser. Maquiavel viveu a juventude sob o esplendor político da República Florentina. Com o choque de realidade causado pelas suas ideias sobre a dinâmica do poder, seus textos geraram forte ameaça aos valores cristãos vigentes, principalmente devido às análises do poder político da Igreja católica contidas na obra O Príncipe, escrita em 1513, publicada, postumamente, em 1532, e inspirada no estilo político de César Borgia, príncipe, cardeal e nobre italiano da Renascença europeia, um dos mais ambiciosos comandantes italianos. O objetivo de O Príncipe é descrever as maneiras de o governante se conduzir nos negócios públicos – internos e externos –, e fundamentalmente, como conquistar e manter um principado, ou seja, um guia sobre como chegar e se manter no poder. Os políticos – hoje e sempre – adoram sua cartilha de malvadezas e a seguem, como livro de cabeceira. Algumas máximas do "príncipe" florentino: “Faça de uma vez só todo o mal, mas o bem, faça aos poucos.”; “O que depende de muitos costuma não ter sucesso.”; “Nunca faltarão ao príncipe razões legítimas para burlar a lei.”; “Um governante eficaz não deve ter piedade.”; “É mais seguro ser temido do que amado.” E a mais cruel de todas: “O príncipe político que desejar ter sucesso em seu empreendimento deve partir da regra de que as pessoas são más e que na primeira oportunidade elas demonstrarão essa maldade, geralmente traindo o seu superior.” A obra O Príncipe contém 26 capítulos, além de uma dedicatória a Lourenço II de Médici (1492 – 1519), Duque de Urbino. Mediante conselhos, sugestões e ponderações realizadas a partir de acontecimentos anteriores na esfera política das principais localidades de então, o livro pretendia ser uma forma de conquistar a confiança do Duque Lourenço II de Médici, que lhe concederia, provavelmente, algum cargo. No entanto, Maquiavel não alcançou suas ambições. Faleceu em 21 de junho de 1527, em Florença, aos 58 anos de idade.
João Scortecci