O “Apocalipse do Lorvão” é um manuscrito iluminado do século XII, produzido no “scriptorium” do Mosteiro do Lorvão, localizado nas cercanias de Coimbra, Portugal. A iluminação, feita pelos monges, era uma pintura decorativa aplicada às letras capitulares dos códices de pergaminho medievais, e era muitas vezes tóxica, usada com o propósito de proteger a obra de profanos e ladrões que, desavisados, acabavam colocando os dedos na boca, depois de folheá-los, morrendo, consequentemente, envenenados. Verdadeiro castigo divino! O “Apocalipse do Lorvão” é um dos primeiros e mais suntuosos manuscritos iluminados do reinado de D. Sancho I (1154 – 1211), segundo rei de Portugal. A obra é um comentário ao “Livro do Apocalipse”, o último livro do Novo Testamento, que contém as revelações recebidas pelo Apóstolo S. João, o Evangelista, quando ele se encontrava na ilha de Patmos, uma das ilhas vulcânicas do Dodecaneso, do mar Egeo. Trata-se de uma cópia de um dos 31 códices do “Commentarium in Apocalypsin”, do século VIII (776 – 786), escrito pelo monge Egeas, da comarca de Liébana, Cantábria, Espanha. O “Apocalipse de Lorvão” é cópia incerta de um dos Beatos – denominação de famílias de códices. O original se perdeu no tempo, não se sabendo ao certo qual teria sido o exemplar copiado. Depois da extinção das Ordens Religiosas em Portugal, em 1834, o manuscrito iluminado “Apocalipse do Lorvão” foi retirado do Mosteiro do Lorvão, em 1853, e depositado na Torre do Tombo (Arquivo Nacional da Torre do Tombo), em Lisboa, Portugal, pelo escritor, historiador e poeta português Alexandre Herculano (Alexandre Herculano de Carvalho e Araújo, 1810 – 1877).
João Scortecci