O escritor chinês Lu Xun (Zhou Zhangshou, 1881 – 1936) é considerado o pai da literatura moderna na China. É o representante máximo do “Movimento Quatro de Maio” – de 4 de maio de 1919 –, movimento anti-imperialista, cultural e político, em protesto contra a resposta do governo chinês ao Tratado de Versalhes, tratado de paz assinado pelas potências europeias, que encerrou oficialmente a Primeira Guerra Mundial e, em especial, contra a permissão dada ao Japão para manter territórios em Shandong – província da República Popular da China e centro cultural e religioso fundamental para o taoísmo, o budismo chinês e o confucionismo –, que tinham sido devolvidos pela Alemanha, após o cerco de Tsingtao, encontro entre as forças japonesas e alemãs, de 31 de outubro a 7 de novembro de 1914. Lu Xun fez parte da Liga de Escritores de Esquerda e se destacou por seus ataques à cultura chinesa tradicional e pela defesa da necessidade de reformas profundas na cultura e na sociedade chinesas. Entre 1902 e 1909, viveu no Japão e começou os estudos na Faculdade de Medicina da Universidade de Tohoku. Anos mais tarde, contou o motivo de não ter concluído o curso: “O que a China realmente precisava era de uma reforma da sua cultura e sua sociedade.” Em 1909, voltou a seu país. Em 1918, na revista reformista “Nova Juventude”, publicou "Diário de um Louco", obra pioneira no seu gênero escrita em língua vernácula. Defendia a abolição do uso dos caracteres chineses e se mostrava partidário da adoção do “latinxua”, um dos múltiplos sistemas de escrita do idioma chinês com alfabeto latino usados naquela época. Sua obra inclui contos, novelas, crônicas e ensaios. Em 1926, escreveu “Flores matinais colhidas ao entardecer”, a única obra publicada no Brasil, em edição bilíngue, com tradução de Yu Pin Fang, pela Editora da Unicamp. Lu Xun morreu de tuberculose, em Shanghai, no ano de 1936, com 55 anos de idade.
João Scortecci