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O EDITOR JACÓ GUINSBURG / JOÃO SCORTECCI

O crítico de teatro, ensaísta, professor e editor Jacob Guinsburg (1921 – 2018) nasceu na Bessarábia, atual Moldávia, país do Leste Europeu e antiga república soviética, que faz fronteira com a Ucrânia e com a Romênia. Guinsburg emigrou para o Brasil com seus pais, em 1924, com três anos de idade. Envolveu-se, desde muito jovem, na vida cultural e intelectual do País, participando intensamente da renovação do teatro brasileiro. Escreveu na imprensa paulista – “Suplemento Literário” de “O Estado de S. Paulo” – e fluminense, sobre literatura brasileira, judaica e internacional, com artigos nos campos das artes, da literatura e da crítica teatral. Foi o mais importante especialista em teatro russo e em língua iídiche no Brasil. Entre suas obras, encontram-se: “Stanislavski e o Teatro de Arte de Moscou”, “Aventuras de uma língua errante – Ensaio de literatura e teatro ídiche”, “Leone De Sommi: Um judeu no teatro da Renascença italiana”, ”Guia histórico da literatura hebraica”, “Dicionário do teatro brasileiro”, “Diálogos sobre teatro, Stanislavski, Meierhold & Cia. – Ensaios de Teatro Russo”, “Semiologia do teatro”, “Da cena em cena” e inúmeros ensaios de estética e história do teatro, traduções e edição de várias obras sobre Diderot, Lessing, Buechner e Nietzsche. É editor das obras completas do crítico e teórico de teatro teuto-brasileiro, o alemão Anatol Rosenfeld (1912 – 1973), que viveu no Brasil depois da Segunda Guerra Mundial. Como editor, Guinsburg participou das editoras Rampa (1946), Difel – Difusão Europeia do Livro (1951) e Perspectiva (1965). Jacob Guinsburg faleceu na cidade de São Paulo, no dia 21 de outubro de 2018, aos 97 anos de idade. Em 2021, ano do centenário do seu nascimento, a editora Perspectiva preparou “robusta” homenagem ao editor. Na programação oficial: livros, mesas, filme e a publicação da obra inédita “Digitais de um leitor”, uma conversa de leitor para leitor em uma jornada pela literatura brasileira e estrangeira de muitas décadas: autores que desapareceram deixando obras monumentais, outros que surgiram com prosa e desenvolvimento originais e ainda outros recuperados pela memória, ressurgidos porque ressoam nos tempos atuais. A obra foi lançada pela coleção Debates, em 17 de setembro de 2021, com prefácio de Rosangela Patriota e organização por Jacó Guinsburg, Rosangela Patriota e Gita K. Guinsburg. No prefácio da obra “Digitais de um leitor”, Rosangela Patriota escreveu: “Uma característica que marca profundamente a atualidade dos escritos de Jacó Guinsburg diz respeito, em primeiro lugar, ao seu grande apreço pela História como disciplina no campo das ciências humanas, dado, inclusive, inconteste quando se percorre a sua vasta produção intelectual. No entanto, para além dessa sua grande paixão, o que chama a atenção em seus escritos da década de 1950 é como ele, sob o ponto de vista da criação estética, antecipou, pelo menos entre nós, brasileiros, o diálogo entre história e ficção”.

João Scortecci