A revista Klaxon foi a primeira publicação modernista brasileira a circular depois da Semana de Arte Moderna, realizada no Theatro Municipal de São Paulo, de 13 a 17 de fevereiro de 1922. Circulou de 15 de maio de 1922 a janeiro de 1923, num total de nove números mensais, os dois últimos em edição dupla. “Klaxon” – nome da marca de uma famosa buzina de automóvel norte-americana que fazia um barulho infernal – foi o título escolhido para a revista, propagando, assim, seu perfil de típica agressividade vanguardista. No comitê de redação, estavam Menotti del Picchia (1892 – 1988) e Guilherme de Almeida (1890 – 1969). Além deles, eram colaboradores: Sérgio Milliet, Oswald de Andrade, Mário de Andrade, Luís Aranha, Rubens Borba de Moraes, Anita Malfatti, Sérgio Buarque de Holanda, Tarsila do Amaral e Graça Aranha, entre outros artistas e escritores. Victor Brecheret (1894 – 1955) e Di Cavalcanti (1897 – 1976) eram os ilustradores. Entre as diversas revistas modernistas que proliferaram no Brasil dos anos 1920, Klaxon sem dúvida foi a mais audaciosa, a mais renovadora e a mais criativa. Destacou-se, ainda, pela publicidade e pela propaganda impactantes para sua época, como o “case” da marca Lacta: o verbo “comer”, no modo imperativo, foi repetido oito vezes na capa, formando um quadrado com a palavra e, dentro dele, um triângulo formado com a repetição da palavra "Lacta". Ousavam também no uso da tipografia, num estilo concretista que só surgiria décadas depois. No site da FBN – Fundação Biblioteca Nacional, encontrei as seguintes informações técnicas sobre a revista Klaxon: Redação: Rua Uruguay, 14, Jardim América, São Paulo; assinatura anual por 12 mil réis, e número avulso por mil réis; era impressa no formato 19 x 27,5 cm, com 20 páginas, aproximadamente; e tinha representantes no Rio de Janeiro (Sérgio Buarque de Holanda), em Genebra, na Suíça, e em Bruxelas, na Bélgica. No editorial do número 1 da Klaxon, há explicações sobre o nome, proposta e desafios. Segue: “A lucta começou de verdade em princípios de 1921 pelas columnas do ‘Jornal do Commercio’ e do ‘Correio Paulistano’. Primeiro resultado: Semana de Arte Moderna – especie de Conselho Internacional de Versalhes. Como este, a Semana teve sua razão de ser. Como elle: nem desastre, nem triumpho. Como elle: deu fructos verdes. Houve erros proclamados em voz alta. Pregaram-se ideias inadmissíveis. É preciso reflectir. É preciso esclarecer. É preciso construir. D'ahi, KLAXON. E Klaxon não se queixará jamais de ser incomprehendido pelo Brasil. O Brasil é que deverá se esforçar para comprehender KLAXON. Klaxon sabe que a vida existe. E, aconselhado por Pascal, visa o presente. KLAXON não se preoccupará de ser novo, mas de ser actual. É essa a grande lei da novidade. KLAXON não é futurista. KLAXON é klaxista”.
João Scortecci