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AFONSO SCHMIDT, REVISTA PAN E A LITERATURA INFANTIL DOS ANOS 1930 / JOÃO SCORTECCI

O jornalista, contista e romancista Afonso Schmidt (1890 – 1964), um anarquista de carteirinha, nasceu na cidade de Cubatão, litoral do estado de São Paulo, em 29 de junho. Fundou ainda jovem o jornal “Vésper” e fez parte da redação dos importantes periódicos libertários, “A Plebe” e “A Lanterna”, ao lado de figuras lendárias do movimento anarquista brasileiro como Edgard Leuenroth e Oreste Ristori. Escreveu para os jornais “Folha de S. Paulo” e “O Estado de S. Paulo”. Na cidade do Rio de Janeiro, fundou o jornal “Voz do Povo”, que se tornou o órgão de imprensa da Federação Operária. Foi preso – várias vezes - por expressar o que pensava e combateu o fascismo e o clericalismo, por meio de panfletos ou de livros, peças teatrais e artigos de jornais. Recebeu os prêmios: Machado de Assis (1942) e Prêmio Juca Pato (1963). Sua obra mais conhecida é “São Paulo de Meus Amores”, seleta de crônicas sobre a cidade, lançada em 1954, nas comemorações dos 400 anos da cidade de São Paulo. Publicou mais de 40 livros, entre eles "O Menino Filipe" (romance), "A Vida de Paulo Eiró" e "São Paulo de meus Amores" (crônicas), "O Tesouro de Cananéia" (contos) ou "A Primeira Viagem" (autobiográfico). Durante alguns anos, foi também colaborador da “Revista Pan” (1935 – 1945), semanário, de propriedade do meu avô materno, o editor e gráfico José Scortecci. Schmidt assinava a coluna “A Nossa Estante” sobre livros e tendências do mercado livreiro. Em 26 de dezembro de 1935, Ano 1, Número 1, página 40, da PAN, escreveu: “Estamos no período em que a literatura para crianças alcança a maior difusão. Em São Paulo, principalmente, a venda desses livros apresenta aspecto bastante animador. Há autênticas feiras de livros de histórias (...). Cada vitrina de livraria é, com certeza, um deslumbramento para os pequenos leitores. Observa-se, porém, que esse gênero literário tão delicado, tão fino, onde há mundos novos a explorar, não encontra facilmente adeptos (...). Os que produzem há vinte anos são os que ainda hoje produzem, salvando minguadas exceções. O fundo da literatura infantil ainda é constituído pelos velhos Perrault, Lebrun, Conego Schmidt e o formidável Andersen. A literatura para crianças parece alheia às leis da oferta e da procura (...).” Afonso Schmidt morreu no dia 3 de abril de 1964, aos 73 anos de idade. 

João Scortecci